30/09/2008

um momento...

...de leitura em homenagem a Manuel Bandeira.


Teresa


A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
 

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
 

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.



Poema do beco


Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco



Poética


Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.



Simples assim...

07/09/2008

intertex. o retorno

Tá nervoso? Vai pescar!
Gino e Geno

Ta nervoso vai pescar
Fica frio não adianta esquentar
Ta nervoso vai pescar
Cabeça fria bota as coisas no lugar
Dinheiro,pouco tanta coisa pra pagar
Desempregado doidinho pra trabalha
Fila pra tudo tem fila ate pra mijar
Isso aqui é um absurdo
Desse jeito assim não da
Mulher brigando, falta carne na panela
Se ta faltando tem que dar razão pra ela
Saco vazio nunca que parou de pe
Também cheio ela não viu
Coitada dessa mulher
Transito lento carro nem sai do lugar
Tem um maluco buzinando sem parar
O sol rachando, o carro quente pra chuchu
Pobre vive se ferrando, nasceu pra tomar no...
Custa carro a vida boa
É na beira da lagoa que a cuca vai gelar



Que pescar que nada
Bruno e Marrone

Já paguei quem eu devia
Graças a Deus eu tô sossegado
Eu pus o burro na sombra
E tô levando até meu cunhado
Enchi o tanque do carro
Comprei cigarro e uma pinga boa
Juntei a "traia" de pesca
Vai ser uma festa lá na lagoa

Falei pra minha patroa
Que a farra é boa
E bem comportada
E vou com os alguns amigos
Não tem perigo nessa parada
Não ponho a cara pra fora
Nem jogar bola ela quer deixar
O jeito que tem agora
É falar pra ela que eu vou pescar

Que pescar que nada
Vou beijar na boca
Ver a mulherada na madrugada
Ficando louca

Que pescar que nada
Vou matar a fome
Lá ninguem se mete
Lá vai ter sete pra cada homem

Já paguei quem eu devia
Graças a Deus eu tô sossegado
Eu pus o burro na sombra
E tô levando até meu cunhado
Enchi o tanque do carro
Comprei cigarro e uma pinga boa
Juntei a "traia" de pesca
Vai ser uma festa lá na lagoa

Falei pra minha patroa
Que a farra é boa
E bem comportada
E vou com os alguns amigos
Não tem perigo nessa parada
Não ponho a cara pra fora
Nem jogar bola ela quer deixar
O jeito que tem agora
É falar pra ela que eu vou pescar

Que pescar que nada
Vou beijar na boca
Ver a mulherada na madrugada
Ficando louca

Que pescar que nada
Vou matar a fome
Lá ninguem se mete
Lá vai ter sete pra cada homem

Que pescar que nada
Vou beijar na boca
Ver a mulherada na madrugada
Ficando louca



Vai pescar moçada
Gian e Giovani

Já pagou o que devia
Tá tranqüilo e sossegado
Pegar o garrafão de pinga
E o mala do seu cunhado
Compra bastante cigarro
Uns quinze ou vinte pacotes
Que é prá dar pros seus amigos
Aqueles bêbados serrotes...

A sua mulher já sabe
Da malandragem
Mas não reclama
Quando você vai pescar
Ela pega o telefone
E me chama
Você pode jogar bola
Pode ir pescar
Fazer o que quiser
Quando você vai prá farra
Eu vou cuidar
Da sua mulher...

Vai pescar moçada
Pescar na lagoa
Vai, não se estressa
Não tenha pressa
Que eu tô na boa
Vai pescar moçada
Pescar na lagoa
Junta a "traia" e some
Que eu mato a fome
Da sua patroa...


intertext.

Canção do exílio
Gonçalves Dias


Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.

Em  cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar –sozinho, à noite– 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que disfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.  



Canção do exílio
Murilo Mendes


Minha terra tem macieiras da Califórnia 
onde cantam  gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista, 
os sargentos do exército são monistas, cubistas, 
os filósofos são polacos vendendo a prestações. 
A gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas 
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade 
e ouvir um sabiá con certidão de idade! 


Canto de Regresso à Pátria

Oswald de Andrade

 

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os passarinhos aqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo.



Canção do Exílio
Casimiro de Abreu  
  Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar! O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil! Se eu tenho de morrer na flor dos anos Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá! Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor-de-rosa que passava
Correndo lá do sul! Quero dormir à sombra dos coqueiros,
As folhas por dossel;
E ver se apanho a borboleta branca,
Que voa no vergel! Quero sentar-me à beira do riacho Das tardes ao cair,
E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir! Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
A voz do sabiá! Quero morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,
E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal! Minha campa será entre as mangueiras,
Banhada do luar,
E eu contente dormirei tranqüilo
À sombra do meu lar!

As cachoeiras chorarão sentidas
Porque cedo morri,
E eu sonho no sepulcro os meus amores
Na terra onde nasci! Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Canção do exílio facilitada 

José Paulo Paes

lá?

ah!

 

sabiá...

papá...

maná...

sofá...

sinhá...

 

cá?

bah!


14/08/2008

o espelho


E eu visto minha roupa de alferes

gosto muito

08/08/2008

Ecco, babbo

Quando foi o dia que eu devia me pronunciar a meu pai, que me questionava, sobre profissão, respondi:
"Quero ser vendedor de sementes"
Meu pai disse-me que vendedor de semente não era profissão: profissão era ser marceneiro, mecânico, padeiro.
Como eu insistia, meu pai disse:
" Vendedor de sementes é uma profissão de vagabundo!"
Gostaria de dizer que não conseguia entender a idéia de ficar o dia todo fechado em um laboratório ou em uma oficina. Eu temia as grossas mãos de operário do meu pai. Davam-me tapas na nuca. Ele já estava ficando nervoso, reprovava a minha mãe por ter me dado uma má educação.
Ele era um homem que tinha mãos grossas de operário, lia o seu jornal; sua camisa era suja de graxa; passava os seus dias fechado em uma oficina; seus cabelos eram castanhos, cheios de pólvora. No domingo, sumia como se fosse trabalhar, na sua roupa cinza. Eu queria-lhe bem, não o temia somente: gostava da sua força, da sua cara de mau.
Eu era um menino de doze anos e queria dizer-lhe:
"Sabe, papai, há sol enquanto você está na oficina. A água do rio é verde;"i lupini", de ouro; as sementes são convidativas. Eu não posso querer nada menos que isso, que a minha liberdade."
Foi meu pai, em vez, que me disse:
"Deve aprender uma profissão. Trabalhar seriamente distrai. Aprenda mais do que uma profissão, outra coisa, algo forte. Um vendedor de sementes parecerá, até a você quando estiver mais velho, um vagabundo, um homem que não teve coragem do seu próprio nome."
Bom, pai, sou grande e os poetas ainda não tem um nome.



Vasco Pratolini traduzido, porcamente, por mim.


L´ultima frase è bellissima in italiano:

"Ecco, babbo, io sono grande, e non ancora i poeti hanno un nome."

05/08/2008

situação surreal

Texto do meu amigo jornalista Tiago Augusto dos Santos:

Uma jornalista do Ceará me ligou hoje:

- Alô, eu queria uma entrevista sobre o negócio de vocês?
- Como?
- Quero entrevistar uma fonte da sua empresa.
- Mas a senhora quer falar com o presidente, com quem?
- Não, não precisa ser com o presidente, pode ser qualquer um.
- Qualquer um? Mas sobre o quê? Pra quando?
- Olha, é urgente. Já são 16h30 e eu preciso fechar isso hoje, até 17 horas.
- Ok, e sua entrevista é sobre qual tema?
- É, sobre... deixa eu ver aqui... responsabilidade social.

Fiquei de procurar alguém, mas, minutos depois, a jornalista ligou novamente:

- Oi, olha, er, desculpe. Então, eu não sabia direito o nome, não é responsabilidade social. Eu quero fazer uma entrevista sobre investimento cultural.
- Ok. Então você pode me mandar sua pauta? Para aprofundar melhor o assunto, entender o foco da matéria.
- Ah? Pauta? Que pauta?
- É, tipo, umas perguntas. Me manda as perguntas que você vai fazer, pode ser?
- Oh, meu filho, mais que perguntas? Eu já fiz a pergunta.
- Já fez?
- Sim, eu quero saber de investimento cultural.
- Mas, minha senhora, o quê exatamente sobre investimento cultural? O assunto é muito amplo, muito abrangente!
- Mas vocês não trabalham aí com isso? Vocês não são especialistas?
- Sim, mas eu preciso saber o enfoque da sua matéria. O que a senhora vai abordar.
- Olhe, eu já falei, quero saber de investimento cultural.
- Não tem um objetivo mais específico?
- Mas como eu vou saber, se não fiz a entrevista ainda? Só sei que quero falar de investimento cultural . Você vai me ajudar ou não?
- É que desse jeito, no vazio, fica difícil. Temos muitas áreas de atuação nessa frente. A senhora precisa pesquisar mais, explicar um pouco melhor.
- Olha, eu não sei de pauta, não tenho mais perguntas, e eu tô cheia de coisas aqui e preciso fechar isso até daqui a pouco.
- ...
- Você tem uma entrevista pra mim ou não?
- A senhora é jornalista?
- Sim.
Pausa. Respira. Conta até três. Finge que acredita.
- Ok. Eu vou tentar achar alguém e te dou um retorno.

29/07/2008

Catarina, traz a cerveja!

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM844886-7822-LEON+HUMILHA+CATARINA+NA+FESTA+DE+COPOLA,00.html

como é que pode?

08/07/2008

Tenta sim. Vai ficar lindo.

"Tenta sim. Vai ficar lindo."


Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve.
Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.

- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê?

- Virilha.

- Normal ou cavada?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.

Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me Esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.

- Querida, pode deitar.
Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca.
Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali stavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, ua pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
- Quer bem cavada?

- .é... é, isso.

Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.
- Ah, sim, claro.
Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.
De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma esp átula melada de um líquido viscoso e Quente (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
- Assim?

- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.
- Arreganhada, né?
Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha Virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar.
Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural.
Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
- Tudo ótimo. E você?
Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.
O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
- Quer que tire dos lábios?
- Não, eu quero só virilha, bigode não.
- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia.
Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha, tá ficando linda essa depilação.
- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. "Me leva daqui, Deus, me teletransporta". Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?
- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamos ficar de lado agora?
- Hein?
- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.
Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.
- Segura sua bunda aqui?
- Hein?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o cu de uma cliente.
Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?
Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.
- Vira agora do outro lado.
Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?
Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.
- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa merda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.
- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.

Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso.
Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada.


autor desconhecido. quem souber, diga-me.




raccomandazioni

Ciao ragazzi o ciao a me, perché sono l´unica persona che legge questo blog!!

Ho qualque raccomandazioni da fare!
Per chi ama leggere, raccomando il libro
Erica e i suoi fratelli perché è bellissimo e troppo poetico! Altro libro di Vittorini che è così bello, in verità un dei miei favotiri, è Conversazione in Sicilia. Queste due libri sono meravigliosi!!
Adesso sto lendo
À sombra das moças em flor di Proust, perché ho deciso che lui è un di quell´autore che ho bisogno di leggere prima de morire!

Qui posto un tratto di un dei racconti di Rubem Braga che ho letto in
Os melhores contos - Rubem Braga seleção de David Arrigucci Jr.:

Diário de um subversivo
Contexto: O narrador escreve em seu diário. Como ele é de esquerda em plena ditadura, esconde-se na casa de seu amigo Edgar, casado com uma mulher chamada Alice.
Dia 28 - Estou com os nervos arrebentados por causa de Alice - quando Edgar vai para a Companhia de Seguros... seria o cúmulo da sem-vergonhice! Se eu tivesse qualquer coisa com essa mulher, seria o último dos cachorros.
1º de março - Sou.

20/02/2008

Borat

Alcune volte, mia sorella lei mostra la sua vazhïn al mio fratello Bilo e lei dice "Tu non ci avrai mai, tu non ci avrai mai la la la la la" . Lui sta dietro della gabbia. Lui sta pazzo, pazzo e tutte le persone ridono. Lei: Tu non ci avrai mai! Ma, un giorno, lui quebrou la gabbia e lui ha riuscito.

consiglio

Consiglio del giorno: se vuoi essere intenso sull´internet, usa la punteggiarura.

14/02/2008

não

I don´t believe in fate.
Do you?
It seems that GR believes.
Well....
F.Off

Domande

Come le cose sono diventato così???
Tutto pareva essere facile, ma davvero no lo è.
I sogni vanno via e non c´è niente che puoi fare.
La aspettativa è una costate amica sua. O una nemica?
Tutto sembra una bugia.

29/01/2008

s-xc-x

H e s i t a r

E x c i t ar

E x i t ar

02/01/2008

substância

"Você, Maria, quererá, a gente, nós dois, nunca precisar de se separar? Você, comigo, vem e vai?"
"Vou, demais"


in Substância, de Guimarães Rosa